A Ascensão da China e o Novo Ordenamento Global

Nas últimas décadas, a China emergiu como protagonista central na economia mundial, redesenhando alianças, impulsionando inovações e desafiando estruturas estabelecidas.

Desempenho Econômico e Crescimento do PIB

Em 2025, a economia chinesa sustenta um ritmo vigoroso: no terceiro trimestre, houve crescimento de 4,8% no terceiro trimestre comparado ao mesmo período de 2024.

No acumulado dos primeiros nove meses, o PIB avançou 5,2%, totalizando 101,5 trilhões de yuans, aproximando-se da meta oficial de 5% para o ano.

Apesar de uma leve desaceleração em relação aos 5,2% do segundo trimestre, o cenário geral demonstra uma trajetória sólida, alimentada por uma combinação de estímulos internos e expansão externa.

Projeções Internacionais

Diversas agências globais revisaram suas perspectivas, refletindo a resiliência da economia chinesa e as incertezas do cenário mundial.

O FMI elevou sua projeção para 2025, de 4,5% para 4,6%, enquanto o Banco Mundial ajustou de 4,5% para 4,8%, sinalizando que as políticas de estímulo terão papel crucial.

Setores-Chave em Expansão

A diversificação econômica chinesa é evidente no avanço simultâneo de segmentos tradicionais e emergentes.

• Setor manufatureiro de grande escala: expansão anual de 6,1% e produção industrial acelerada de 6,2%.
• Tecnologias limpas e inovação: veículos de nova energia dispararam 29,6%, robótica aumentou 29,8%.
• Serviços de alta tecnologia: TI cresceu 11,2%, serviços empresariais e leasing avançaram 9,2%.
• Varejo e comércio on-line: vendas no varejo subiram 4,5%, com 25% do total em e-commerce.
• Produção agrícola: crescimento de 3,6% nos primeiros nove meses.

Pressões Externas e Desafios

O panorama global apresenta tensões, especialmente pela guerra comercial com os Estados Unidos e ondas de protecionismo.

Tarifas de até 245% sobre exportações chinesas – exceto produtos eletrônicos – impactaram exportações e introduziram complexidades no comércio internacional.

Além disso, indicadores de inflação mostram queda de 0,1% no Índice de Preços ao Consumidor, sugerindo pressão deflacionária crescente.

Foco no Consumo Interno

Para equilibrar choques externos, o governo intensificou programas de estímulo, promovendo subsídios que devem totalizar 300 bilhões de yuans em 2025.

O Índice de Confiança do Consumidor reverteu seis meses de queda e registrou alta em outubro, demonstrando efeitos dos pacotes de incentivos e renovada esperança na demanda doméstica.

Política Econômica e Fiscal

Na Conferência Central de Trabalho Econômico, Pequim anunciou direção expansionista para a política fiscal, incluindo:

• Aumento do índice de déficit fiscal.
• Emissão de títulos especiais de governos locais.
• Emissão de títulos do tesouro ultralongos.

Os recursos serão priorizados em educação, saúde, proteção ambiental, infraestrutura e bem-estar social, visando eficiência nos gastos públicos e ganhos de longo prazo.

Desafios Estruturais

Apesar dos avanços, obstáculos persistem: investimentos em ativos fixos caíram 0,5% e o setor imobiliário sofre com desaceleração.

A taxa de desemprego urbano se mantém em 5,2%, enquanto o comércio exterior cresce 4%, com importações marcando alta de 12% – recorde em cinco anos.

O Banco Mundial alerta para fraquezas no mercado habitacional, com vendas de casas novas projetadas em queda de 8% em 2025 e até 7% em 2026.

O Caminho Adiante: Sustentabilidade e Inovação

Em seu 14º Plano Quinquenal, a China delineou bases sólidas para o período 2026-2030, focando em:

• Transição para economia de baixo carbono e energias renováveis.
• Desenvolvimento de cadeias de valor tecnológico próprias.
• Incremento de parcerias regionais e globais no Leste Asiático e além.

O país aposta em inovação como motor de competitividade, investindo em semicondutores, inteligência artificial e novas matrizes energéticas.

Com uma classe média projetada para crescer 80 milhões até 2030, o mercado interno se apresenta como alicerce de um crescimento sustentável, capaz de amortecer choques externos.

Essa combinação de políticas fiscais, mobilização do consumo e investimento em tecnologia posiciona a China no centro de um novo ordenamento global, no qual laços comerciais e geopolíticos são reescritos.

Conclusão: Uma Transformação Global em Curso

A ascensão chinesa não é apenas uma questão de números, mas de redefinição de poder, influência e paradigmas.

Ao estimular o consumo interno, fortalecer setores estratégicos e ampliar seu alcance internacional, a China traça um caminho que impactará profundamente o equilíbrio econômico e político mundial.

Com desafios relevantes a superar, a trajetória chinesa inspira reflexões sobre cooperação, adaptação e inovação, abrindo espaço para um rearranjo sustentável e dinâmico nas próximas décadas.